Quis o destino que os americanos tomassem conhecimento de um dos mais expressivos escritores brasileiros através de um dos melhores e mais importantes romances já escritos. Pois aparentemente o resto do planeta está finalmente começando a descobrir que um dos grandes gênios da escrita no último século e meio era um homem negro nascido no Rio de Janeiro, onde viveu até o fim da sua vida, em 1908.
Os protestos contra a morte de George Floyd haviam acabado de completar sete dias nos Estados Unidos – e continuariam levando norte-americanos às ruas em cidades de todo o país por semanas – quando o livro do autor brasileiro foi lançado. Não era exatamente um lançamento pois o autor morreu há 112 anos e o romance foi publicado em 1879. Resultado: a edição de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, lançada nos EUA pela Penguin Classics esgotou-se em um dia. Nesta semana, já é possível comprar o livro no site da editora, tanto na versão impressa quanto na digital.

O Memórias Póstumas de Brás Cubas lançado pela Penguin Classics, ou The Posthumous Memoirs of Brás Cubas, como ficou a edição norte-americana, foi traduzido pela americana radicada no Brasil Flora Thomson-DeVeaux, que também assinou a introdução e é responsável pelas notas explicativas sobre o clássico de Machado. O livro tem prefácio assinado pelo escritor e editor David Eggers.
Em recente entrevista, Flora disse que o prefácio pode ter contribuído para Memórias Póstumas ter se esgotado em um dia nos Estados Unidos em meio a uma pandemia e a protestos raciais. O prefácio de Eggers foi publicado, antes do lançamento da tradução, na prestigiosa revista “The New Yorker”, que já teve entre seus colaboradores autores como Truman Capote e J.D. Sallinger. Outro fator, na opinião de Flora, também é a vontade do leitor dos EUA em procurar autores não brancos e que não façam parte do cânone norte-americano.
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