terça-feira, 14 de julho de 2020

A inacreditável jornada de Asia Bibi, de nove anos em solitária à vida nova no Canadá


Asia Bibi lança livro sobre sua história – Rádio Trans Mundial

Já publicamos matéria aqui no Artecultural sobre a saga de Asia Bibi, quando ela ainda estava no corredor da morte, aguardando apenas a data da sua execução

Asia Bibi deixou a casa que dividia com o marido e os filhos e foi trabalhar em uma fazenda na aldeia de Ittanwala, a cerca de 60 km de Lahore, cidade importante do Paquistão. O local onde trabalhava é cercado de campos verdes e árvores frutíferas.

Asia trabalhou como agricultora como muitas mulheres da aldeia. Era um dia de junho de 2009 e os trabalhadores, exaustos após horas colhendo frutas sob o sol escaldante, pararam para descansar. Alguém pediu que Asia fosse pegar um pouco de água em um poço próximo.

Ela saiu de jarro na mão e, quando voltou, bebeu um pouco de água antes de servir seus colegas muçulmanos. Eles ficaram furiosos. Asia é cristã, e no Paquistão muitos muçulmanos conservadores não gostam de comer ou beber junto de pessoas de outras religiões. Para eles, quem não acredita em Alá é impuro.

Os colegas de Asia disseram que ela era "suja" e não era digna de beber no mesmo copo que eles. Houve discussão, e termos fortes foram ditos por ambos os lados. Cinco dias depois, a polícia invadiu a casa de Asia e a acusou de insultar o profeta Maomé, principal símbolo do Islã, acusação feita também por um clérigo da aldeia.

Reunida em frente à residência de Asia, uma pequena multidão começou a agredi-la diante dos policiais, e ela acabou presa sob acusação de blasfêmia. Durante o julgamento, em 2010, ela se disse inocente, mas acabou sentenciada à morte.

Blasfêmia 


Tribunal confirma pena de morte para mulher cristã, Asia Bibi

No Paquistão, a punição por blasfêmia contra o Islã e seu profeta pode ser a prisão perpétua ou a morte. Mas muitas vezes essas acusações são utilizadas como forma de vingança por conflitos pessoais. Acusados de blasfêmia, juntamente com as famílias, sofrem represálias e ataques mesmo antes de irem a julgamento.

Asia passou os últimos nove anos de sua vida no corredor da morte, em confinamento solitário, em condições desumanas, sem alimentação adequada e tendo que conviver em um exíguo espaço, em meio aos seus próprios excrementos e sem direito a visitas regulares, nem mesmo da família.

Sua execução foi por várias vezes adiadas, em virtude de uma gigantesca mobilização social advinda de todas as partes do planeta. Tamanha pressão levou o governo paquistanês a recuar após 8 anos e ela conseguiu reverter a sentença, sendo absolvida em outubro de 2018.

Ainda assim, custou a ganhar a liberdade. Foi mantida num lugar secreto por meses por causa de ameaças de morte. Atualmente, ela vive em segurança no Canadá, mas ainda convive com o medo que extremistas do seu país atentem contra a sua vida.

Perdão
Pakistani Christian Asia Bibi receives invite to live in France ...
A cristã paquistanesa concedeu entrevista, na véspera de seu encontro com o presidente francês Emmanuel Macron. Condenada à morte por blasfêmia e absolvida após muita luta, Asia Bibi relembra o argumento que causou sua prisão, bem como as provações sofridas nos dez anos que passou na prisão no Paquistão. Agora exilada, ela espera "voltar um dia" em seu país e pediu ao primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, que revogasse a lei de blasfêmia do Paquistão. 

'Perdoei todos aqueles que me machucaram'

 (Asia Bibi)

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