terça-feira, 16 de junho de 2020

Há 60 anos foi lançado o filme 'Psicose', o clássico maior de Alfred Hitchcock


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O filme mais assustador do Mestre do Suspense e que se tornou o ápice da sua carreira, estreou em nova York no dia 16 de junho de 1960

Apesar da extensa produção da sétima arte, poucos filmes conseguem transcender o rótulo de clássico e se transformam em ícones da cultura pop e Psicose, que completa nesta terça (16) 60 anos de sua estreia nos Estados Unidos, conseguiu fazer isso em exatos 45 segundos.

Há muitas qualidades no filme mais assustador de Alfred Hitchcock (1899 - 1980), mas desde que foi exibida pela primeira vez, em algumas salas de cinema de Nova York, a famosa cena do banho em que a estrela do filme, Janet Leigh, é morta a facadas por Norman Bates (Anthony Perkins), ela entrou de vez para o imaginário do público.

Quem, ao ouvir aqueles acordes estridentes de violino criados por Bernard Herrmann - compositor parceiro de longa data do Mestre do Suspense - não os relaciona automaticamente ao assassinato?

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A crítica, porém, não recebeu o filme muito bem quando ele foi lançado. O considerou vulgar e cheio de truques. Psicose era um projeto muito diferente do filme anterior de Hitchcock, o thriller de espionagem Intriga Internacional (1959). Era um filme de baixo orçamento baseado em um livro pulp e que na metade de sua duração quebrava uma regra sagrada de Hollywood: matava sua protagonista!

A fórmula para o fracasso? Muito pelo contrário. O cineasta inglês, que bancou boa parte da produção do próprio bolso, nunca faturou tanto em sua vida. Os estúdios Paramount não acreditavam muito no projeto e Hitch abriu mão de seu salário de diretor por 60% do valor arrecada nas bilheterias. O resultado? Psicose custou parcos US$ 800 mil e faturou cerca de US$ 50 milhões. Uma soma astronômica para 1960.

Psicose marcou a quinta e última vez que Hitchcock seria indicado ao Oscar de Melhor Diretor. Sim, você leu certo: Alfred Hitchcock nunca ganhou um Oscar de Melhor Direção. A Academia concedeu a ele apenas o Irving G. Thalberg, em 1968. Um tipo de prêmio de consolação pelo conjunto da carreira.

O reconhecimento do velho Hitch como um grande diretor demorou um pouco para acontecer e veio de um lugar inesperado, da França. Diferente do rótulo de cineasta populista que tinha nos Estados Unidos, Hitchcock era endeusado por um grupo de críticos da revista Cahiers du Cinema. Entre eles, François Truffaut, Jean-Luc Godard e Claude Chabrol, que logo se tornariam os pilares de um movimento que marcou a história do cinema, a Nouvelle Vague.

A admiração deles pela obra do Mestre do Suspense era tão grande que Truffaut reuniu uma série de entrevistas que fez com Hitchcock em um livro obrigatório para qualquer fã de cinema: Hitchcock/Truffaut.

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E a cena não marcou apenas a história do cinema. Ela virou um inferno na vida de Janet que passou a receber cartas ameaçadoras até sua morte, em 2004.

O momento mais famoso da obra de Alfred Hitchcock provocou em Leigh uma mudança de visão no simples ato de tomar banho. A atriz falou sobre seus traumas à "Woman's World", em 1984.

“Quando estou em um lugar onde só posso tomar banho, asseguro que as portas e janelas da casa estejam fechadas. Também deixo a porta do banheiro e a cortina aberta. Estou sempre olhando pela porta, assistindo, não importa onde esteja o chuveiro. ”
Na mesma entrevista, a atriz também falou das ameaças que não pararam de persegui-la nos anos seguintes ao lançamento de "Psicose".

“Recebi muitas cartas dizendo que fariam o mesmo que Norman Bates fez com Marion Crane. Agora não recebo tantos quantos no começo, mas devo dizer que foi bastante sério. Até o FBI teve que intervir. Felizmente, nada aconteceu. ”

Depois de "Psicose", Janet Leigh nunca mais trabalhou com Alfred Hitchcock. A própria atriz explicou que não repetiu as produções com o diretor porque a morte repentina de Marion Crane intrigou o público e seria um erro "ressuscitá-la" em um novo filme.

Algumas curiosidades sobre “Psicose”
Psicose em DVD duplo de aniversário
  • Vida privada

Não sei se você percebeu na cena logo acima, quando pouco antes de ser morta no chuveiro, Janet Leigh usa o vaso sanitário? Essa foi a primeira vez uma privada foi mostrada em um filme de Hollywood.
Fato e ficção

O romance do qual o filme foi adaptado é vagamente baseado no famoso assassino Ed Gein. Como Norman Bates, Gein tinha uma mãe dominadora que ele matou e manteve seu corpo preservado em casa, além de ocasionalmente usar as roupas dela. Detalhe: Gein viveu a apenas 64 km do autor do livro em que Psicose se inspirou, Robert Bloch.

  • Uma verdadeira pechincha!

Hitchcock pagou apenas US$ 9 mil pelos direitos de filmagem do romance escrito por Robert Bloch, que, aliás, o próprio diretor considerava uma porcaria. Mas como ele gostava de dizer: bons livros não rendem bons filmes.

  • Coach motivacional do inferno

Como é sabido, Hitchcock não era uma das pessoas mais amáveis no set. Principalmente com suas atrizes. Em Psicose, para manter Janet Leigh no clima, ele escondeu diferentes versões do boneco da mãe de Norman, Norma Bates, em locais variados dentro do camarim da estrela. 

  • Uma Hitchcock diferente

As aparições relâmpagos de Hitchcock em seus filmes eram tão famosas que as pessoas ficavam procurando pelo diretor na tela. Algumas eram bem fáceis de achar, mas em Psicose foi bem complicado. Ele aparece de costas e usando um chapéu de cowboy do lado de fora do escritório onde trabalha Marion Crane (Janet Leigh).

Mas neste mesmo escritório há uma participação especial de outra Hitchcock. A filha do cineasta, Patrícia, que no filme interpreta a colega de trabalho de Marion, Caroline. 
  • Campanha anti-spoiler 

Apesar das muitas medidas de Hitchcock para manter o projeto de Psicose em segredo e evitar qualquer spoiler, revistas famosas como a Variety e o The Hollywood Reporter publicaram matérias que entregaram detalhes da produção.

Isso irritou tanto o diretor, que ele proibiu a liberação de fotos das principais cenas do filme e os críticos não puderam assistir Psicose antes do público. Isso, aliás, acabou prejudicando um pouco o marketing do filme em sua semana de estreia.

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