A pandemia do Covid-19 chegou para mudar nossas vidas e não estamos falando aqui simplesmente da alteração da rotina nesses dias de isolamento, em que não podemos mais bater pernas no shopping ou ir aos nossos bares e restaurantes preferidos. Claro que isso mudou nosso dia a dia, mas o grande desafio é para pensarmos nas mudanças mais profundas, naquelas transformações que devem moldar a realidade à nossa volta e, claro, as nossas vidas depois que o inimigo número um do planeta for dominado.
Nada obstante a burra teimosia de alguns líderes políticos, especialmente nos Estados Unidos, no Brasil e algumas ditaduras sem maior relevância, a pandemia da COVID-19 é, infelizmente, uma realidade dura e devastadora como indicavam as advertências de tanta gente séria, desde que ela mostrou sua face no final do ano passado.
Nos primórdios da civilização humana, os mandatários eram sempre uma mistura de governantes e sacerdotes, se achavam um pouco homens e muito mais Deuses, mas ao longo da história, essas duas funções se separaram, quando o povo foi se cansando de mistificações e de milagres falsos e enxergando que o destino estava, nas verdade, nas suas organizações.
O mundo pós-pandemia será diferente

Entender que mundo novo é esse é importante para nos prepararmos para o que vem por aí. Porque uma coisa é certa: o mundo não será como antes, em nenhum segmento da vida humana. Analistas da área trabalhavam com a hipótese de que faltava uma simbologia para o fim do século 20, uma época altamente marcada pela tecnologia. E esse marco é a pandemia do Corona vírus, segundo a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, professora da Universidade de São Paulo e de Princeton, nos EUA, em entrevista ao Universa. “[O historiador britânico Eric] Hobsbawm disse que o longo século 19 só terminou depois da Primeira Guerra Mundial [1914-1918]. Nós usamos o marcador de tempo: virou o século, tudo mudou. Mas não funciona assim, a experiência humana é que constrói o tempo. Ele tem razão, o longo século 19 terminou com a Primeira Guerra, com mortes, com a experiência do luto, mas também o que significou sobre a capacidade destrutiva. Acho que essa nossa pandemia marca o final do século 20, que foi o século da tecnologia. Nós tivemos um grande desenvolvimento tecnológico, mas agora a pandemia mostra esses limites”, diz Lilia.
Corona vírus, um acelerador de futuros
Assim como as guerras, que trazem no seu bojo evoluções tecnológicas apesar das milhares de vítimas que deixam no seu rastro, estudiosos afirmam que o Corona vírus funciona como um acelerador de futuros. A pandemia antecipa mudanças que já estavam em curso, como o trabalho remoto, a educação a distância, a busca por sustentabilidade e a cobrança, por parte da sociedade, para que as empresas sejam mais responsáveis do ponto de vista social.
Não se pode prever quando, mas em algum momento vai ser descoberta uma vacina ou alguma forma de cura para os casos mais graves, que requerem internação. Só depois disso a vida vai retomar aos poucos os ritmos habituais, não sem antes ter semeado danos severos à vida das pessoas, das empresas e do Estado, em um sentido mais amplo.
O Brasil pós pandemia
O que mais se ouvia dos governos ao redor do mundo era a falta de recursos para custeio e investimento, mas quando o Covid 19 bateu à porta, a maioria dos governos que tinha pouca margem para elevar os seus gastos, teve que promover uma reengenharia financeira para fazer face às despesas necessárias.
Com gastos inimagináveis antes da pandemia, ao fim dela o Estado brasileiro estará super endividado e com déficits enormes. Será preciso retornar a níveis mais normais de equilíbrio, com forte enxugamento de gastos públicos e incentivos à produção. Indagações: haverá espaço para redução de gastos? Vamos tirar de onde? A sociedade aceitará maior carga tributária?
Como a crise não dá sinais de arrefecimento, a maioria das médias e pequenas empresas não vai sobreviver se no médio prazo. Os recursos prometidos, mas que a maioria afirma que não teve acesso, só seriam viáveis com prazos longos e juros de primeiro mundo, mas os bancos não querem embarcar nessa canoa, sem o Estado entrando como aval.
Mesmo entre as empresas maiores, várias delas sucumbirão, enquanto as mais sólidas e voltadas para mercados mais perenes e menos sazonais sobreviverão, mas terão que se reinventar com a adoção de tecnologias que reduzem mão de obra, (olha mais desemprego aí), encurtamento das cadeias de suprimento e redução de custos.
Isto posto, evidencia-se que a saída da crise será muito difícil. A sociedade e a economia que resultarão das mudanças serão diferentes. Para um país que não crescia antes da crise e já vivia em meio a grandes bolsões de pobreza, infelizmente vamos viver ainda muito tempo com baixo crescimento, mesmo depois da recessão brutal de 2020. Para resistir a tudo isso e ainda ter um futuro, mesmo adiado, será preciso muita união e grandes lideranças, o que no momento não temos.
Resumo da ópera
Superada a crise, - e essa passagem vai ser longa e penosa, - o mundo tem que pensar em atuar na construção de um modelo de vida mais solidário e colaborativo, pois essa pode ser a chave para o enfrentamento de crises futuras. Findando essa análise, verificamos que o debate é amplo em todas as frentes. Mas, seja qual for a área em que o cidadão atue, e que também foi alterada pelo Corona vírus, o amor pelo mundo é um princípio que, deve reger as relações e modificar o caminho tomado pela civilização.
Maravilha de texto para uma excelente reflexão. Parabéns!
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