
Fiz a letra de “Clareana ”durante uma temporada na Itália com o Vinícius de Moraes, morrendo de saudade das minhas filhas. Na época a Mariana ainda não havia nascido, mas eu sabia que ela iria chegar", afirma, referindo-se à letra que diz "Clara, Ana e quem mais chegar / Água, terra, fogo e ar"
"Em 1980, minha vida estava mudando. Depois de um período de parada quase total das atividades musicais, por conta do nascimento de minhas filhas, voltei a compor direto, vi minhas músicas serem gravadas pelas mais importantes vozes do Brasil e finalmente fui convidada a gravar um disco meu pela EMI-Odeon. Esse disco se chamaria 'Feminina' e seria um marco em meu trabalho e em minha vida".
As palavras acima foram escritas pela cantora Joyce e estão no encarte do álbum "Feminina", que ela lançou há 10 anos. E foi uma avaliação até modesta: o disco foi um marco não só no trabalho de Joyce, mas em toda a música brasileira. "Eu já tinha treze anos de carreira quando o 'Feminina' saiu, mas muita gente acha que é meu primeiro disco", conta a cantora.
"Mas eu considero que 'Feminina' foi meu primeiro disco de verdade. Antes eu não levava minha carreira muito a sério. Posso dizer que meus trabalhos anteriores eram ensaios", reconhece. "Foi também o primeiro disco que fiz exatamente como queria. Todas as canções são minhas, a maioria das letras também. Fiz os arranjos de base, toquei violão em todas as faixas. Tive controle de tudo".

A canção mais aplaudida da noite foi "Clareana". "Fiz a letra durante uma temporada na Itália com o Vinícius de Moraes, morrendo de saudade das minhas filhas. Na época a Mariana ainda não havia nascido, mas eu sabia que ela iria chegar", afirma, referindo-se à letra que diz "Clara, Ana e quem mais chegar / Água, terra, fogo e ar". As crianças que cantam no final da música são justamente Clara e Ana. "Elas eram veteranas, já tinham gravado com o Egberto Gismonti", brinca Joyce.
"'Essa Mulher' e 'Da Cor Brasileira' são duas letras da Ana Terra, que antes só tinha composto com o Danilo Caymmi, marido dela. Para essas letras, ela queria um olhar mais feminino, por isso me procurou", relembra. "A primeira foi gravada pela Elis Regina, deu até título a um disco dela. A segunda eu fiz a música pensando na Maria Bethânia, tanto que conseguia ouvi-la cantando enquanto compunha. Não deu outra: ela gravou e foi um sucesso".
Puxado por "Clareana" (a canção foi uma das sensações do festival MPB-80), "Feminina" foi um dos discos mais marcantes daquele período. "Foi uma época em que apareceram muitas compositoras, e eu acabei entrando na onda", diz. "Teve gente que inclusive achou que o título era uma provocação, já que minha orientação sexual era diferente da maioria das artistas que apareceram naquela época", ri.
Fonte: Último Segundo -
iG
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