Para assinalar a data, Mel Gibson regressou às memórias da sua grande produção, vencedora de cinco Óscares, incluindo melhor filme e realizador, e contou, numa entrevista ao jornal USA Today, como tudo partiu justamente de um certo desejo de conquistar as atenções da Academia de Hollywood.
Em 1991, o ator Kevin Costner tinha acabado de abiscoitar dois Óscares com o primeiro filme que realizou, Dança com Lobos (que no total ganhou sete estatuetas), quando incentivou um deslumbrado Gibson a fazer como ele e pensar em grande. As palavras, já se sabe, surtiram efeito: através da história do lendário William Wallace, cheia de bravura e potencial épico, Gibson concebeu o seu momento de glória, à frente e atrás das câmaras.

Ainda hoje Braveheart impressiona pela crueza das suas sequências de batalha. Naquela altura sem as facilidades digitais que agora permitem criar multidões com gráficos, o filme contou com 3500 pessoas no set, entre eles 1800 membros das Forças de Defesa da Irlanda - para onde a rodagem foi transferida a certa altura, por questões orçamentais - que tanto vestiram a pele de rebeldes escoceses como usaram as fardas do exército inglês. "Num dia eles estavam sujos, com perucas e kilts, no outro apareciam todos equipados com a armadura", conta Gibson.
Mas detalhes de filmagem como este são superados por outro: cavalos mecânicos. De fato, muito cavalo morre no meio do conflito humano de Braveheart. Para cumprir essa necessidade do argumento, a equipa de produção construiu cavalos mecânicos. Esses que vemos serem derrubados violentamente numa das batalhas e cujo impacto visual mereceu protestos da sociedade protetora de animais, que foi investigar as imagens de bastidores.

Apesar de na altura de a estreia ter sido tanto um sucesso de crítica como de público, o filme não escapou ileso aos olhares puritanos dos historiadores, que lhe apontaram, por exemplo, o uso extemporâneo de tinta azul na cara dos guerreiros, assim como a ausência de uma ponte - Stirling Bridge - na batalha principal. Gibson escolheu filmar este momento categórico numa grande planície por razões obviamente cinematográficas: era importante a vastidão daquele campo que separa as tropas inglesas dos escoceses "selvagens", que ao longe insultam o adversário com as suas saias levantadas e nenhum escudo protetor nas partes baixas... Haverá cena mais divertida do que essa? Ou melhor, seria possível fazer algo com a mesma robustez, dimensão e graça em cima de uma ponte?
Com romance, morte, sangue, cabeleiras incríveis, paisagens deslumbrantes, um herói que dá a prova máxima da sua força moral gritando "liberdade!" Antes de ser decapitado, como derradeiro insulto ao rei, e ainda um elenco que inclui Brendan Gleeson, Sophie Marceau e Brian Cox, ‘Braveheart’ continua a ser um marco no âmbito das produções épicas. 25 anos depois, os gritos de guerra ainda se fazem ouvir.
Fonte: https://www.dn.pt/cultura/
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