
O poeta Zecalu é advogado e produtor cultural, mas o seu talento de poeta nos remete às nossas vivências e dramas urbanos com bom humor e um traço bastante sertanejo
Geralmente, a criatividade que leva as pessoas a juntarem sílabas de dois nomes para formar um outro nome, resulta em palavras pouco palatáveis, digamos assim. Tenho um amigo cuja junção de parte do nome da mãe e do pai, resultou em Florisnaldo. Uma outra, o pai se chamava Valter e a mãe Regina... já perceberam a anomalia que resultou nas sílabas desses nomes, não é?
Mas existem exceções nessa regra e uma delas é o de José Luiz Guimarães Elpídio. Da mistura de José com Luiz nasceu Zecalu. O apelido de infância virou nome artístico e o menino que começou a escrever versos aos 16 anos virou poeta e compositor. Para isso, teve de vencer a timidez e apresentar as escrituras não apenas aos amigos, mas aos desconhecidos também.
E foi assim, arriscando aqui e ali que conquistou o segundo lugar no Concurso Literário da Faculdade de Letras enquanto estudava Direito na Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus. A primeira vitória acendeu a chama da poesia e há cinco anos ele exibe seus trabalhos para o mundo. É só acessar a página Zecalu numa Rede Social que o visitante vai conhecer a diversificada obra do artista que passeia por poemas longos, curtos, cordéis em sintonia com desenhos e fotografias. “A ideia é resgatar a infância e ser algo mais manual, com colagens e montagens saindo da digitalização e criando uma personalidade”.
A música também está na veia de Zecalu que tem parceria com diversos artistas, entre eles os cantores regionais João Sereno, Del Feliz e Tenison Del Rey. Com Maviael Melo a parceria se concretizou com um cordel. A inspiração vem do cotidiano, do amor, da política com pitadas de humor e protesto. Junto com um amigo DJ construiu o projeto Trilha Sonora Pra Criar Cabras, uma junção de música, teatro e poesia apresentado, em 2016 e que ele planeja repetir a dose.

O mais novo rebento de Zeca, como gosta de ser chamado, é “Meio Poema Basta!”. O livro é uma coletânea dos poemas curtos aliados as imagens e deve ser lançado, que foi lançado simultaneamente em Salvador, Feira de Santana e Uauá cidades que marcaram a vida do autor. Afinal, Zeca penou, mas chegou!
1994 – Primeiro poema
Pelos idos de 1994, lembra de ter escrito o que considera seu primeiro poema, num coletivo a caminho do colégio. Desde então, envolvido em gincanas culturais realizadas nos colégios e estimulado pelo Professor Marcus Moraes (in memoriam), passou a escrever textos para recitais e enquetes teatrais para apresentações em gincanas escolares. Começou, também, junto com colegas de escola, a compor músicas.
Em 1997, em virtude da aprovação no curso de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz, mudou-se para Ilhéus, onde, envolvido com o movimento político estudantil, passou a escrever de forma mais intensa e contínua músicas e poemas com inclinação para a temática política, com uma carga de protesto e denúncia.
Parceria com Rennan Mendes

Juntando seu talento de poeta com a habilidade de Rennan Mendes, um virtuose da sanfona, provindo das terras do Uauá, Zecalu tem produzido em parceria com o talentoso músico, projetos como o “Conexão Uauá / Feira”, resultando em belíssimas apresentações no espaço Cúpula do Som, em Feira de Santana. No último desses espetáculos, realizado em maio/2019, surgiu a ideia de realizar o caminho inverso e viabilizar o “Conexão Feira / Uauá”, levando para a “Capital do Bode”, um punhado de gente boa e talentosa para se apresentar naquela bucólica e acolhedora cidade.
Os versos de Zecalu, sempre em caprichados “rabiscos” manuscritos, podem ser vistos na sua página no Instagran. Vale muito a pena conferir.
A bênção, poeta!
Os versos de Zecalu, sempre em caprichados “rabiscos” manuscritos, podem ser vistos na sua página no Instagran. Vale muito a pena conferir.
A bênção, poeta!