O evento abriu as comemorações do São João na cidade baiana, que entre os dias 22 e 25 de junho irá receber diversas atrações, todas ligadas às raízes do genuíno forró
O poder público municipal de Cruz das Almas está se preparando para fazer uma volta às tradições da festa junina, nesta que é uma época do ano diferenciada e que marca a maior festa popular do estado.
Com uma programação voltada para bandas de forró e ritmos nordestinos, a expectativa é que a cidade receba em torno de 100 mil pessoas nos quatro dias de festa. Manifestações folclóricas, grupos culturais e atrações musicais como Flavio José, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Targino Gondim, Zelito Miranda, Lucy Alves, Adelmário Coelho, Carlos Pita, Sarapatel com Pimenta, Acarajé com Camarão, Santana, O Cantador, entre outros, farão a festa das pessoas nas praças Sumaúma, Multiuso e do Coreto.
Programação autêntica

Todos os anos a história se repete: os municípios anunciam o São João e a famosa grade de atrações repleta de sertanejos, - antigos, ‘news’ e os chamados ‘universitários’, - cantores do execrável ‘arrocha’ e, nessa canoa (furada) embarcam também os cantores de axé, pagode e, pasmem, representantes do funk.
Imagino como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos e outros que deram suas vidas pelas raízes da forró estão se revolvendo em seus túmulos ao assistirem a invasão da maior festa do Nordeste por ritmos que nada têm a ver, não agregam e só descaracterizam um dos ícones da cultura Nordestina.
Pergunto sempre às pessoas com quem falo do assunto se alguém já viu um Flávio José na Festa de Peão de Barretos? Ou uma Elba Ramalho no Festival de Pirenópolis? Não viram e nem nunca vão ver, porque, nesses eventos, os promotores e frequentadores fazem questão de manter as tradições e a cultura local. Não tem nada demais nisso.

Enquanto isso, os Senhores Prefeitos pagam verdadeiras fortunas ao Sr. Wesley Safadão, D. Marília Mendonça, Sr. Leonardo e outros menos citados e votados, - como diria o saudoso radialista Armando Oliveira, - mesmo estando os hospitais sem material básico, escolas com tetos danificados e serviços básicos precaríssimos.
Com os cachês pagos às atrações importados do “Sul Maravilha”, seria possível contratar uma legião de artistas nordestinos que estão em busca de um lugar ao sol. Em 2016, tivemos um caso emblemático: a cidade de Caruraru pagou inacreditáveis R$ 550 mil por uma apresentação de Wesley Safadão e não teve R$ 40 mil para levar Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga e que bebe na mesma fonte do seu tio. E exemplos desse naipe temos todos os anos, com municípios quebrados e em dificuldades financeiras pagando fábulas aos artistas da moda em detrimento de atrações do Nordeste que custariam menos de 1/10 do valor.
Diante de um quadro desolador como esse, não posso deixar de lembrar dos versos do baiano de Piritiba, Wilson Aragão, na música “Guerra de Facão”:
Tá chegando o fim das épocas, vai pegar fogo no mundo,
e o pior, que os vagabundos toca música estrangeira
em vez de aproveitar o que é da gente do Nordeste.
Vou chamar de mentiroso quem dizer que é cabra da peste.
Euriques Carneiro
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