Continuando a sua bela trajetória internacional, "Aquarius", filme de Kleber Mendonça Filho, bateu outros filmes consagrados como "Elle" e "Eu Não Sou Seu Negro" e venceu o prêmio da competição internacional do Festival Internacional de Cinema de Cartagena das Índias, na Colômbia, na última segunda-feira (6)
O festival é o mais antigo do gênero na América Latina, e outorga as estatuetas chamadas "Indias Catalinas". Segundo Mendonça Filho, "Aquarius" estreia na Colômbia na próxima semana.
Tem uma frase corriqueira entre nós: "o Brasil é um país sem memória". Esse legado de décadas de incompetência administrativa na manutenção de documentos e construções, vem se perpetuando por séculos. Com a velocidade dos dias atuais e o avanço da tecnologia, pode-se dizer que tal conceito ficou ainda mais amplo com a inevitável transferência de CDs, DVD e outros objetos em matéria digital. Consciente desta época em que o novo é glorificado e o velho deixado de lado por muitos, o diretor Kleber Mendonça Filho fez deste o mote principal de seu novo filme: Aquarius, selecionado para a mostra competitiva do Festival de Cannes.

O festival é o mais antigo do gênero na América Latina, e outorga as estatuetas chamadas "Indias Catalinas". Segundo Mendonça Filho, "Aquarius" estreia na Colômbia na próxima semana.
Tem uma frase corriqueira entre nós: "o Brasil é um país sem memória". Esse legado de décadas de incompetência administrativa na manutenção de documentos e construções, vem se perpetuando por séculos. Com a velocidade dos dias atuais e o avanço da tecnologia, pode-se dizer que tal conceito ficou ainda mais amplo com a inevitável transferência de CDs, DVD e outros objetos em matéria digital. Consciente desta época em que o novo é glorificado e o velho deixado de lado por muitos, o diretor Kleber Mendonça Filho fez deste o mote principal de seu novo filme: Aquarius, selecionado para a mostra competitiva do Festival de Cannes.

O confronto entre o velho e o novo surge na figura de Clara, personagem entregue a Sonia Braga. É ela a dona de um apartamento cobiçado por uma imobiliária, que já adquiriu todos os demais imóveis do prédio. O objetivo é pôr tudo abaixo e construir um prédio novo, mas Clara se recusa a vendê-lo. É seu lar há décadas, foi onde criou seus filhos e, ainda hoje, vive bem. Daí surge o conflito, que resulta em ameaças veladas e provocações.
Mais do que simplesmente criar opostos, Aquarius quer tratar do valor da memória através da compreensão do que é antigo, sem que seja necessário descartar o novo. Tal imagem está representada na própria protagonista, escolhida a dedo. Estrela maior do cinema brasileiro nos anos 1980, Sonia Braga andava meio sumida. Seu resgate é não apenas uma imensa homenagem a tudo que fez pelo cinema nacional como também uma quebra de expectativa em relação ao que representou como símbolo sexual, potencializando o próprio conceito explorado pelo longa-metragem. Só que Sonia não se contenta apenas com este simbolismo automático e entrega uma das maiores atuações de sua carreira, fruto de uma complexidade emocional e ética impressionantes.
O público tem a chance de conhecer Clara ainda nos anos 1980, no flashback que abre o filme. A partir de suas origens, é construída a personalidade desta mulher independente e decidida, apaixonada por música e liberal, afetuosa e que mantém o desejo carnal em dia. Entretanto, é através das relações que Clara mantém com os demais personagens que se entende melhor o carinho e o respeito com os quais trata e exige ser tratada. Porque ela não é mulher de engolir desaforo, muito pelo contrário, e deixa isto bem nítido. Trata-se de uma personagem fascinante que, além de possibilitar a explosão do talento de Sonia, ganha relevância ainda maior por ser um papel feminino tão intenso, de alguém que não depende da ajuda de homens para seguir em frente.
Mais do que simplesmente criar opostos, Aquarius quer tratar do valor da memória através da compreensão do que é antigo, sem que seja necessário descartar o novo. Tal imagem está representada na própria protagonista, escolhida a dedo. Estrela maior do cinema brasileiro nos anos 1980, Sonia Braga andava meio sumida. Seu resgate é não apenas uma imensa homenagem a tudo que fez pelo cinema nacional como também uma quebra de expectativa em relação ao que representou como símbolo sexual, potencializando o próprio conceito explorado pelo longa-metragem. Só que Sonia não se contenta apenas com este simbolismo automático e entrega uma das maiores atuações de sua carreira, fruto de uma complexidade emocional e ética impressionantes.
O público tem a chance de conhecer Clara ainda nos anos 1980, no flashback que abre o filme. A partir de suas origens, é construída a personalidade desta mulher independente e decidida, apaixonada por música e liberal, afetuosa e que mantém o desejo carnal em dia. Entretanto, é através das relações que Clara mantém com os demais personagens que se entende melhor o carinho e o respeito com os quais trata e exige ser tratada. Porque ela não é mulher de engolir desaforo, muito pelo contrário, e deixa isto bem nítido. Trata-se de uma personagem fascinante que, além de possibilitar a explosão do talento de Sonia, ganha relevância ainda maior por ser um papel feminino tão intenso, de alguém que não depende da ajuda de homens para seguir em frente.
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