
Apesar de ter mantido o conteúdo do diário em segredo, Brennand o escreveu para que um dia fosse descoberto e publicado, como um documento importante que poderia no futuro esclarecer quem era, o que pensava e o que pretendia o artista.
Estudos em Paris

No início de 1949, às vésperas de embarcar num navio para estudar pintura em Paris, o jovem Francisco Brennand começou a escrever o diário que o acompanharia por grande parte da vida. As aventuras na Europa, a descoberta da cerâmica, a transformação da velha olaria fundada pelo pai em Recife numa espécie de templo dedicado ao seu trabalho, a insistência nas telas como atividade quase secreta, a crescente preocupação literária e uma profusão de personagens reais e imaginados são as chaves que norteiam “Diário de Francisco Brennand”, luxuosa caixa com quatro volumes, num total de aproximadamente duas mil páginas, que chega às livrarias em dezembro.
Até agora conhecidos apenas pelo círculo mais íntimo do artista pernambucano, os escritos vêm a público pelas mãos de Marianna Brennand Fortes, sua sobrinha-neta, que recebeu os manuscritos quando dirigiu o premiado documentário “Francisco Brennand”, em 2012, e acabou usando trechos para construir a narração do filme.
Gênero literário cada vez mais dotado de importância crítica, embora ainda seja mais comum como obra póstuma, o diário foi desde sempre parte fundamental do processo criativo de Brennand – que, aos 89 anos, segue vivendo de forma reclusa e trabalhando obsessivamente na oficina que leva seu nome.
A narrativa episódica vai até 1999, dividida em três volumes batizados de “O nome do livro”. Por que parou? “Presumia que depois de 50 anos de anotações um diário já poderia parecer excessivo. Não houve outra razão para o meu silêncio”, sintetiza Brennand. O quarto e último tomo, “O nome do outro” – em que aproveita para esclarecer polêmicas como a do obelisco fálico que ergueu às margens do Marco Zero, em Recife –, foi escrito entre 2007 e 2013.
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