domingo, 16 de outubro de 2016

O ‘Admirável Mundo Médico’ e o sonho das maternidade de Frida Kahlo


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Frida Kahllo é dona de uma biografia singular e de uma produção artística riquíssima, por isso merece um no livro Admirável Mundo Médico cuja análise precisa ser feita para que se possa compor a trajetória marcante dessa incrível personagem

Aos seis anos de idade, Frida contraiu poliomielite. A doença deixou como marcas o membro inferior direito mais curto e a musculatura atrofiada. O constrangimento causado por essas sequelas acabou criando um fato extremamente interessante para encobrir a deficiência Frida começou a usar saias longas como as das indígenas mexicanas. Já famosa, as intelectuais de sua época e as mulheres de um modo geral acharam que ela estava; lançando moda e começaram a também usar aquelas saias longas.

Quando tinha 18 anos, o ônibus no qual Frida Kahlo viajava chocou-se com um bonde. Em conseqüência da gravidade do acidente, no qual várias pessoas morreram, ela sofreu fraturas em três vértebras, fratura cominativa (fragmentação) da tíbia e fíbula direitas, além de três fraturas de pelve (bacia).
Quando ainda estava convalescendo das múltiplas fraturas sofridas no acidente de ônibus, Frida fez em seu diário uma aquarela retratando sua visão do acidente.

Maternidade improvável
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Por conta da fratura de pelve, Frida foi informada de que não poderia ter filhos de parto normal, e era recomendável portanto que evitasse engravidar. O acidente também destruiu seu sonho de ser médica. Em 1929 ela sofreu o primeiro aborto; em 1932, o segundo e último. Seu grande desejo era ter filhos, e a impossibilidade de concretizá-lo naturalmente deixou-a extremamente traumatizada.

Quadro perturbador

Nesse período, Frida pintou o quadro O Hospital Henry Ford, também conhecido como A Cama Voadora (1932). O quadro mostra a pintora deitada no leito do hospital, localizado em Detroit, EUA. Flutuando sobre o leito, pode ser visto um feto do sexo masculino, um caramujo e um modelo anatômico de abdome e de pelve. No chão, abaixo do leito, são vistos uma pelve óssea, uma flor e um autoclave. Todas as seis figuras estão presas à mão esquerda de Frida por meio de artérias, de modo a lembrar os vasos de um cordão umbilical. O lençol sob Frida está bastante ensangüentado. Seu corpo é demasiadamente pequeno em relação ao tamanho do leito hospitalar, de modo a sugerir seu sofrimento e sua grande solidão.
Do olho esquerdo de Frida goteja uma enorme lágrima, simbolizando a dor de uma mãe pela perda do filho; a pelve óssea é um testemunho da causa anatômica da impossibilidade de ser mãe.



Uma pintura marcante do ponto de vista médico intitula-se Nascimento, ou O Meu Nascimento, de 1932. Nessa pintura a óleo, a artista imagina como teria sido o parto do qual ela havia nascido, ligando a cena ao seu trauma quando sofreu os abortos. A cabeça da mãe de Frida encontra-se coberta por um lençol, em alusão ao fato de que sua genitora falecera no período em que ela pintava esse quadro.

Há também uma pintura chamada O Coração, ou Recordação, de 1937, onde ela pinta um coração de tamanho proporcional ao seu sofrimento ao ter descoberto que seu marido, o também pintor e muralista Diego Rivera (1886-1957), mantinha um romance com sua irmã Cristina (1908-1964). No quadro ela se mostra com o tórax traspassado por um objeto perfurante, enquanto o coração sangra no chão, exprimindo sua imensa angústia.

É interessante observar que há um curativo no seu pé esquerdo; isso se explica porque, na verdade, os ferimentos no membro inferior esquerdo de Frida nunca cicatrizaram, tendo evoluído para osteomielite com conseqüente amputação. Cerca de dois anos após a amputação, fato que a deixou extremamente deprimida, a pintora veio a falecer.

Sucessivas cirurgias
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A pintora se submeteu a mais de 30 cirurgias, entre as quais sete de coluna. O Dr. Juan Farill foi o médico que operou sua coluna e foi homenageado por Frida com o quadro Auto-Retrato com o Retrato do Dr. Farill (1951).
Corria o ano de 1954 quando Frida resolveu retratar sua convicção, ou simpatia, pelo marxismo. Ela então pinta O Marxismo Dará Saúde aos Doentes. Nessa obra, a artista exterioriza seu sonho de que o marxismo acabaria com todo o sofrimento e dor que subjugam a humanidade. Ela estava tão entusiasmada com a idéia de que o marxismo seria a esperança de novos dias para o povo mexicano que, nessa pintura, abandona as muletas, embora se mantenha com o colete ortopédico. As mãos do marxismo a envolvem num gesto aconchegante. 

A pomba da paz voa no céu. O mundo dividido entre marxistas e capitalistas aparece à sua direita; à esquerda de Frida vê-se Karl Marx estrangulando Tio Sam, cujo corpo é a águia americana. A mão esquerda de Frida segura o livro vermelho do comunismo e próximo a ele vê-se o cogumelo da bomba atômica. A pomba, observamos, parece alçar vôo a partir da Rússia (ex-URSS) e da China.

Em 1954, Frida Kahlo foi encontrada morta
. Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte. A última anotação em seu diário permite aventar-se a hipótese de suicídio. 





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