sábado, 8 de outubro de 2016

De uma geração de artesãos de arreios, Espedito Seleiro ganhou destaque nacional com suas peças em couro colorido


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Espedito Velozo de Carvalho, o Espedito Seleiro, é de Nova Olinda, e hoje aos 74 anos é ícone no fabrico de couro colorido, derivação das tradicionais sandálias de couro cru, que ele criou há alguns anos, diante da falta de mercado para o produto em cor natural

Seu bisavô Antônio, seu avô Gonçalves, seu pai Raimundo, eram todos seleiros, - fabricantes artesanais de arreios para vaqueiros, - produziam selas, gibões, perneiras, e Espedito seguiu os passos dos antepassados, quando seu pai faleceu em 1971, e se viu na obrigação de sustentar os irmãos mais novos.

Raimundo Veloso, seu pai, foi o criador das sandálias “quadradas” usadas por Lampião. Certa noite, ele trabalhava na escuridão do alpendre, quando surgiu uma pessoa e lhe encomendou uma sandália de solado quadrado.
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"O cabra chegou para meu pai e disse que queria uma sandália diferente, de solado quadrado, sem marca da curva da sola do pé. Mostrou um modelo desenhado. Meu pai disse que fazia. Dias depois o cabra veio buscar a encomenda e perguntou a meu pai se ele sabia para quem era a sandália. 'Não é para você?', meu pai perguntou. 'Não, é para o Capitão Virgulino'. 'Pois leve a sandália e nem precisa pagar'".
O solado quadrado, sem indicar qual era a frente da sandália, tinha um propósito: despistar as volantes, como eram chamadas as equipes policiais que caçavam os cangaceiros pelo sertão. "O solado quadrado deixava uma pegada quadrada, de modo que a volante não conseguia saber para que lado Lampião tinha ido, se estava indo ou voltando", explica Espedito Seleiro.

Sandálias coloridas
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A situação financeira definhou com a queda das sandálias de couro cru que já existiam aos montes nos mercados e os comerciantes só aceitavam comprá-las por um valor ínfimo. Desgostoso com o trabalho, ele resolveu que não venderia mais peças iguais a dos outros e foi dormir pensando em uma solução. Ao acordar, decidiu que daquele dia em diante, só faria sandálias coloridas. Costurou um monte de sandálias e levou na loja do “Seu Pedro”, que sequer olhou as peças, mandou deixar num canto e lhe daria o dinheiro do que vendesse. Na semana seguinte Espedito voltou à loja para buscar as sandálias, mas para sua surpresa, todas haviam sido vendidas e o comerciante ainda encomendou mais 50 pares.

Alemberg divulgava o trabalho de Espedito, usando suas sandálias nas entrevistas que dava, e com o aumento da demanda, resolveu diversificar, começou a fazer as sandálias da Maria Bonita, um modelo mais delicado, bem como bolsas, caldeiras, molduras para espelhos e até luminárias, tudo de couro colorido, que passou a ser sua marca registrada. Outra grande divulgadora de sua arte foi a professora Violeta Arraes, já falecida, ex-reitora da Universidade Regional do Cariri (URCA), uma grande amiga que além de cliente, levava artistas até lá e ainda exigia que o amigo se organizasse mais.
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Em 2006 foi convidado para fazer os calçados que a grife Cavalera usou no desfile de verão do São Paulo Fashion Week e causou burburinho no mundo da moda. É também referência para os figurinistas de novelas e filmes sobre o cangaço.

É durante a noite que o mestre gosta mais de trabalhar, ele diz que no silencio da noite produz muito mais. Hoje, a família trabalha reunida em uma associação com 22 pessoas que produzem entre 200 e 300 pares de sandálias por mês e ao lado da oficina, tem uma lojinha com todas as suas obras que tem de sandália , selas, baús, a cadeiras, tudo feito em couro.
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Referência: onordeste.com

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