
Era para ter sido um anúncio mais bombástico (no sentido positivo), porque Svetlana, de autora engajada de não-ficção, põe rosto nas vítimas anônimas das guerras e perseguições do regime soviético e pós-soviético. Sua obra é cada vez mais celebrada mundo afora.
Por seu engajamento e pela qualidade de sua escrita, ela foi a primeira mulher russa a levar o Prêmio Nobel de Literatura, no ano passado, e a 14ª mulher a ser reconhecida na história do prêmio. O seu caso é o primeiro em que se premiou uma escritora cuja obra não é de dramaturgia, de poesia ou de ficção.
As mulheres tiveram presença marcante na Flip 2016. Ana Cristina César (1952-1983), poeta marginal dos anos 70, a homenageada do evento, que tem curadoria do editor e jornalista Paulo Werneck pelo terceiro ano consecutivo. Essa foi a 14 ª edição da festa, que aconteceu entre os dias 29 de junho e 3 de julho.
Voz da utopia
Filha de professores que trabalhavam em área rural, Svetlana Alexievich, de 67 anos, na cidade de Ivano-Frankivsk, na Ucrânia, mas cresceu em Belarus. Estudou jornalismo na Universidade de Minsk entre 1967 e 1972. Trabalhou para um jornal das fazendas coletivas soviéticas, onde reuniu entrevistas de mulheres que participaram da Segunda Guerra Mundial para o seu primeiro livro, o A Guerra Não Tem Rosto de Mulher.
Esse título foi o debut de um ciclo de livros em que a vida na União Soviética é retratada a partir da perspectiva do indivíduo, chamado Voices of Utopia. Por causa desse trabalho, seriamente crítico à sua terra natal, a escritora viveu muito tempo no exterior, em países como Itália, França, Alemanha e Suécia.
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