
Rodado em 2011, o premiado documentário brasileiro 'As Hiper Mulheres', que mostra um famoso ritual de canto feito apenas por mulheres da tribo indígena Kuikuro, é um filme incomum
A obra foi produzida pelo projeto Vídeo nas Aldeias e, depois de ser premiado, em 2012, em importantes festivais de cinema do Brasil, Hollywood, Vancouver e Amsterdam, o documentário As Hiper Mulheres: Itão Kuêgü está disponível em DVD e Bluray.
O filme, que mistura realidade e um pouco de ficção, conta o drama de um velho índio da tribo Kuikuro que, com receio de que sua esposa venha a falecer em breve, pede para que a comunidade realize para ela, pela última vez, o Jamurikumalu, um famoso ritual de canto, feito apenas pelas mulheres do grupo. As moças, então, começam a ensaiar, mas têm dificuldades, porque a única cantora que, de fato, sabe todas as músicas da cerimônia está muito doente.
No desenrolar da história é possível conhecer mais a respeito da realidade dos índios dessa tribo, localizada no Alto do Xingu, em Mato Grosso: as músicas tradicionais e sagradas, o cotidiano, o bom humor e as relações de gênero.
O longa-metragem faz parte do projeto Vídeo nas Aldeias, criado por Vincent Carellipara introduzir a produção cinematográfica nas aldeias indígenas brasileiras. Assim, 'As Hiper Mulheres' foi filmado pelos próprios Kuikuros, com direção dos cineastas Takumã Kuikuro e Leonardo Sette, além do antropólogo Carlos Fausto.
Filme incomum

Assistir 'As Hiper Mulheres' é uma experiência incomum por vários motivos. O principal deles, talvez, seja mergulhar num universo pra lá de curioso, distante e próximo ao mesmo tempo, e que foge do padrão pré estabelecido de um documentário sobre índios. Pode não ser o único, pode não ser o primeiro a ser feito dessa forma, mas é assim que provavelmente você poderá percebê-lo.
Não faltarão para o espectador momentos de relativa tristeza, ao ver um oca "decorada" com lona de achocolatado Nescau ou um artesão com a camisa de Darth Vader (Guerra nas Estrelas). Por outro lado, o humor sacana, muito forte e até erotizado entre eles, ainda assim diferente do praticado pelo homem da cidade, não raro, poderá fazer você rir.
Todo falado em dialeto, esse documentário dirigido a seis mãos, duas delas de origem indígena (Takumã Kuikuro), aborda um tema específico do universo deste povo morador do Alto Xingu e consegue ser mais do que um simples retrato audiovisual de uma sociedade altamente devotada aos seus cantos e escorada na força da mulher. O lado negativo é a possibilidade de parecer que seus 80 minutos durem mais do que 4800 segundos.
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