
Denominada 'E ainda assim criar! Síria: a fé na arte' a exposição pode ser visitada no Institut des Cultures d'Islam (Instituto de Culturas do Islã) até julho e, entre outras curiosidades, um dos pintores usou sacos de farinha como telas por absoluta da falta de recursos
Os vídeos, as fotografias e as pinturas levam a assinatura de 15 artistas que retratam, às vezes com humor ácido e, outras, com dureza, o horror da violência que castiga um país destruído. Como diz o título da mostra, Et pourtant ils créent! Syrie: la foi dans l'art (E ainda assim criar! Síria: a fé na arte). Apenas um dos artistas, Fadi Yazigi, cujas peças viajaram às feiras de arte contemporânea de Paris e de Dubai, continua vivendo em Damasco, onde a falta de recursos o levou a usar sacos de farinha como telas.
Os demais trabalham do exílio, e suas obras refletem que tudo mudou. Alguns modificaram os temas que tratam, enquanto outros mudaram os tons e as técnicas usadas, apostando em muitos casos no uso dos meios digitais. Por exemplo, Akram al Halabi, formado na academia de Belas Artes de Viena, deixou os pincéis para se dedicar a escrever sobre uma série de fotografias de massacres da Síria.
No caso de Mohammed Omran, cujos desenhos abordam o corpo humano doente, as cores dos primeiros filmes empalideceram e em seus últimos trabalhos o branco e o preto se apossam das imagens. Evolução parecida experimentou a obra de Khaled Takreti, que em seu trabalho J'ai perdu mes couleurs ("Perdi minhas cores") abandonou em parte a técnica "precisa e limpa" que o caracteriza para se deixar levar pelo caos, explicou à EFE a diretora de relações públicas do espaço, Blanca Pérez.
Quando perdeu sua oficina em Damasco, Tammam Azzam, que expôs em galerias de Beirute e de Londres, decidiu se expressar através da arte digital com composições baseadas em fotografias reais da Síria nas quais remete a motivos icônicos de grandes mestres, como Os fuzilamentos de três de maio, de Goya, o primeiro pintor que retratou a guerra como algo doloroso, e não épico, segundo Pérez. O Facebook foi a plataforma escolhida pelo coletivo.
No para mostrar uma série de fotografias na qual se utiliza o corpo humano com um braço vendado para formar em árabe a palavra que dá nome ao grupo Os cineastas do grupo Abounaddara, cujos filmes participaram de festivais como a Mostra de Veneza, optaram por realizar curtas-metragens centrados em histórias cotidianas, além dos confrontos que captam a atenção da mídia. Outra forma de protesto são os retratos realizados por Jaber al Azmeh, que expôs na Forum Factory de Berlim, e nos quais retratou sírios sustentando um exemplar do jornal oficial do regime Baath sobre o qual tinham escrito mensagens como "Amamos todos eles", em referência aos desaparecidos.
O único fotógrafo presente, Muzaffar Salman, da agência Reuters, capturou com sua objetiva detalhes belos em meio a um cenário destruído, em fotos em que a luz é a protagonista. As ilustrações de momentos trágicos da história contemporânea de Yasser Safi, os desenhos em preto e branco com que Abdul Karim Majdal al Beik mostra a dor da Síria e as criações em que Waseem al Marzouki mostra o papel dos recursos energéticos no conflito também podem ser vistas.
Referência: conex10
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado após análise.
Obrigado!