O nome Criança Cidadã ficou conhecido nos últimos nove anos como um grupo de jovens de uma comunidade pobre do Recife – os Meninos do Coque, como foram inicialmente denominados – que recebiam aulas de músicas e apoio pedagógico, médico e educacional no sentido de afastá-los da violência e torná-los cidadãos. Depois de ganhar o Brasil, tornando-se famosa ao se apresentar diversas vezes para o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), a OCC se tornou um modelo e ganhou uma dimensão de um projeto muito maior do que apenas uma orquestra.
Prestes a completar uma década de existência, a instituição acaba de ganhar um novo maestro – Nilson Galvão Jr., apresentado ao público na última quarta-feira (19/2), em concerto na Caixa Cultural – e se prepara para seu passo mais ousado: a construção de uma sede própria, com uma escola e uma sala de concerto nos moldes do que há de melhor e mais moderno na América do Sul, e a ampliação do número de crianças atendidas dos atuais 170 para 300. A primeira etapa para a concretização do empreendimento – orçado em R$ 44 milhões – foi sua inscrição e recente aprovação na Lei Rouanet do Ministério da Cultura.
As mudanças começam a se projetar efetivamente em um momento quando o projeto, enquanto atitude social, dá seus mais importantes resultados. Recentemente, seis dos integrantes da OCC foram aprovados em concurso para a Orquestra Sinfônica de Goiás.
Idealizado em 2005 pelo juiz de direito João José Rocha Targino, o projeto, gerido pela Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC), teve como seu primeiro coordenador musical o maestro potiguar radicado em Pernambuco Cussy de Almeida (1936-2010). No ano seguinte foi selecionado o primeiro grupo de crianças, moradoras do Coque (área central do Recife), um dos bairros mais violentos e de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade. O objetivo inicial era reinserir os jovens na sociedade por meio da música visando à profissionalização dos mesmos – como pré-requisito, o participante precisa estar matriculado e frequentar as aulas do ensino regular em escola pública.
Prevista para ficar pronto em dois anos, a partir do início de sua construção, a sede definitiva da Orquestra Criança Cidadã será erguida em um terreno de 14.700 m² antes pertencente à Marinha do Brasil, no bairro do Cabanga, e que foi cedido à OCC, em 2010, pelo ex-presidente Lula. O projeto, até agora financiado inteiramente pelo Grupo Oderbrecht – que já investiu cerca de R$ 1 milhão –, é o maior em valor já aprovado pela lei de incentivo à cultura federal.
O complexo contará com o primeiro teatro totalmente acústico de todo o Norte/Nordeste do País. O projeto acústico é assinado por José Augusto Nepomuceno e Júlio Gaspar. Nepomuceno é responsável pelo projeto acústico da Sala São Paulo – principal referência do gênero no Brasil – e do Gran Teatro Nacional de Lima, no Peru.
Fonte: jconline
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