
“O Império de Hitler”, de Mark Mazower traz detalhes históricos sobre o domínio do II Reich e as atrocidades cometidas que levaram o The New York Times a classificar a obra como “O melhor estudo da rápida expansão e violenta queda do domínio nazista na Europa”
Em 1941 havia soldados alemães a poucas léguas por mar da Grã-Bretanha, admirando as ruínas de Atenas, na área onde hoje fica o aeroporto de Moscou, e marchando pela Avenida dos Champs-Élysées, em Paris. Hitler, quase da noite para o dia, se viu senhor de um império maior que o de Napoleão.
Depois do sucesso avassalador da campanha teutônica sobre a Europa ocidental (o general que ocupou a Dinamarca teria dito: “Tire este paiseco do meu caminho, tenho algo mais importante a conquistar!”), o front leste começou a acumular sucessivas vitórias, e o Reich ganhava ares de invencibilidade. Antes do começo de 1942, o Exército alemão tinha feito mais de 2 milhões de prisioneiros russos, e Hans Frank, o governador-geral da Polônia conquistada, instalado em Cracóvia, se comportava como um príncipe renascentista, tirano e vaidoso, cego pelo poder a ponto de escrever um diário em quarenta volumes, que acabaria lhe custando a vida.
De repente, o avanço alemão parou. A guerra se prolongaria ainda por mais de dois anos de conflitos sangrentos, até que os soviéticos chegassem a Berlim, mas a maré se invertera definitivamente.
Nesta obra ao mesmo tempo monumental e inovadora - e já indispensável entre a historiografia do período - Mark Mazower demonstra que foi justamente a estrutura pouco ortodoxa (senão bizarra) da ocupação alemã o principal componente da derrota nazista.
A falta de planejamento e o patente erro de cálculo dos alemães, incapazes de antever as tremendas dificuldades de sua missão “germanizadora”, transparecem com regularidade impactante no vasto repertório de fontes pesquisado pelo autor. Baseado numa ilusão perene, o Terceiro Reich foi responsável, em sua campanha bárbara, não só por dezenas de milhões de mortes durante o conflito, mas por uma Europa dilacerada e decadente, e por um novo mundo.
Na excelente narrativa de Mazower, ele deixa claro que, ao espoliar tanto os inimigos quanto os colaboradores, graças à sua visão apocalíptica de mundo, Hitler selou sua morte e a sorte do império que construiu.
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