
"Perdemos para isso?", referindo-se ao fato do Rio de Janeiro ter derrotado a cidade americana na disputa pelos Jogos Olímpicos de 2016, foi a manchete do jornal Chicago Sun-Times, com a foto das manifestações ocorridas na capital fluminense
O que alguns jornalistas
tupiniquins classificaram como “genial” ou “perfeita”, a manchete do jornal de
Chicago mostrou na verdade, a arrogância, a prepotência e o 'nariz empinado'
típico do povo americano e sua mania de grandeza.
Não estou aqui a
defender que a Olimpíada seja ou não um bom negócio para a sociedade brasileira
e, verdadeiramente, acho que a relação custo/benefício é bem negativa para a
maioria dos mortais comuns. Ainda que fiquem obras importantes na estrutura do
país, o custo é extremamente elevado para um Estado tão carente em áreas como
educação, saúde e segurança. Tivéssemos a participação da iniciativa privada,
ainda que parcial, o abalo nas contas públicas seria menor e o custo social
acabaria diluído, mas com a sociedade em geral que paga pesados impostos,
financiando a Olimpíada, fica realmente difícil a defesa do evento em terras
nacionais.
Claro que o maior evento
esportivo do planeta traz divisas para o país, os gastos efetuados pelos
visitantes são de suma importância para a economia e há o ganho de visibilidade
do Brasil no exterior, que acaba por atrair novos visitantes e investimentos. O
questionamento porém é como justificar o desvio de recursos que poderiam ser
investidos na infraestrutura do país, para financiar obras que, no seu âmago, beneficiarão
uns poucos em detrimento da esmagadora maioria da população.
Mesmo com todos os
argumentos contra a realização dos Jogos Olímpicos no Brasil, nada justifica
uma manchete desqualificadora do jornal americano do tipo "Perdemos para
isso?", como se o Brasil fosse “isso”, uma republiqueta de “quarto mundo”
(caso houvesse essa classificação) e como se EUA ainda fosse uma ilha de
prosperidade. Esqueceu-se o editor do jornal que, há menos de três anos, os
americanos declaravam-se um povo falido, atolado em dívidas até o pescoço e o
país sem recursos para investimentos e até as mais básicas despesas de custeio
da máquina pública.
Ademais, o fato de haver
manifestações públicas em 2013 inviabiliza uma cidade para receber a Olimpíada
lá em 2016? Para calar a boca e fazer com que o jornalista engula toda a sua
arrogância discriminatória, a cidade do Rio de Janeiro recebeu recentemente o
Papa Francisco por uma semana, onde ele desfilou em carro aberto sem qualquer
risco à sua integridade, frequentou favelas e bairros periféricos e cumpriu
toda a agenda sem que um único fato desabonador inviabilizasse o Rio como sede
dos Jogos Olímpicos de 2016.
Até quando vamos aturar
“isso” e ainda bater palmas e tecer rasgados elogios a uma forma tão vil de
discriminação? Até quando vamos ter jornalistas subservientes para dizer “sim”
a todas as agressões contra a nossa cidadania? O povo já acordou Senhores!
Despertem também para não perderem o bonde da história.
Euriques Carneiro
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