O Chile já é o maior fornecedor dos vinhos importados consumidos
no Brasil, com a fatia de 31%. Logo após, está a Argentina com 25%. Alemães e
franceses completam a lista com 11e 9%, respectivamente.

A liderança do Chile não causa nenhum espanto, já que,
indubitavelmente, é o país da América Latina que possui os melhores vinhos
tintos elaborados com a uva Cabernet Sauvignon, alguns dos quais colocados
pelos especialistas entre os melhores do mundo. Os vinhos tintos de outras
uvas, especialmente a Merlot, melhoram a cada dia e alguns também já se
destacam mundialmente. Os vinhos brancos, particularmente os elaborados com as
uvas Chardonnay e os Sauvignon Blanc, fracos até cerca de uma década atrás,
melhoraram substancialmente.
Uma das peculiaridades do Chile é o fato de não ter sido vítima
da praga Phylloxera Vastatrix, que devastou grande parte dos vinhedos do mundo,
devido à sua condição geo-climática, protegido pelo Oceano Pacífico à oeste e
pela Cordilheira dos Andes à leste. Desse modo as parreiras chilenas são da
espécie europeia (Vitis vinifera) plantadas em "pé-franco", isto é,
plantadas diretamente no solo, sem necessidade de enxertá-las sobre raízes de
espécies americanas, resistentes à Phylloxera.
Outra delas foi a descoberta de mudas da variedade Carmenère nos
vinhedos de Merlot. Essa uva foi julgada extinta quando a Phylloxera dizimou os
vinhedos europeus e como que renasceu no Chile. Atualmente a Carmenère é a
variedade emblemática do Chile, da qual se produzem varietais e também diversos
cortes em vinhos Top.
Outras variedades que têm crescido no Chile são a Syrah, bem
adaptada, com bons resultados em diversos vales e a Pinot Noir, surpreendendo
com ótima tipicidade em sub-regiões mais frias. Especialistas creditam o
sucesso da produção chilena à prática de plantar cada tipo de uva em região diferente,
procurando adaptar as características dos parreirais às diversidades de solo e
clima do país.
Apesar da flagrante evolução da qualidade dos vinhos chilenos, o
que turbinou o consumo no Brasil foi a baixa dos preços. Há uma década, vinho
importado era artigo de luxo e reservado apenas aos consumidores mais
abastados. Na atualidade, é possível adquirir um vinho de boa safra, - chileno
ou argentino, - por cerca de R$ 50,00, o que os emparelha com os melhores
vinhos nacionais.
Aproveitando o inverno e o friozinho que está chegando, um bom
vinho, acompanhado de uma massa de qualidade, mais uma companhia agradável ao
lado, é uma infalível receita de sucesso para uma noite memorável.
Euriques Carneiro
