O autor de "Lolita", Vladimir Nabokov entrevistado pela Paris Review

Vladimr Nabokov escreveu seus primeiros nove romances em russo e então chegou à fama internacional como um mestre estilista de prosa em inglês. Nascido numa família da antiga aristocracia, em 1919, a instabilidade produzida pela revolução bolchevique (1917) obrigou-o a abandonar a União Soviética. Estudou em Cambridge e licenciou-se em literatura russa e francesa. Mudou-se para Berlim, onde iniciou sua produção literária e intenso trabalho como tradutor.
Para entrevistar Vladimir Nabokov, em 1967, o escritor Herbert Gold precisou passar por um pequeno processo. Enviou algumas perguntas e posteriormente passou na casa do escritor para pegar um envelope com as respostas. A formalidade (muito antes dos tempos dos e-mails, quando escritores quase se recusam a atender uma ligação) era justificada pela pouca familiaridade do autor russo com o inglês, mas, segundo Gold, foi a forma que ele encontrou para evitar “citações incorretas”.

O relato está em As entrevistas da Paris Review, vol. 2 (Cia. das Letras, 456 páginas, R$ 58), coletânea de textos da idolatrada revista americana, que ainda traz nomes como Julio Cortázar, Elizabeth Bishop, Arthur Miller, Milan Kundera e Hunter S. Thompson. Na “conversa” com Gold, Nabokov duvida da veracidade das afirmações do entrevistador e fala, por exemplo, do regime soviético. Ante a acusação de ser um autor repetitivo, declara: “Escritores derivativos parecem versáteis porque imitam muitos outros, do passado e do presente. A originalidade artística tem apenas seu próprio eu para imitar”. Uma pequena amostra das polêmicas e reflexões do volume.
A coletânea está recheada de excelentes entrevistas com nomes de peso em varias áreas da cultura contemporânea, com destaque para aquelas realizadas com Elizabeth Bishop e Milan Kundera (A Insustentável Leveza do Ser), além do próprio Nabokov. Trata-se de uma leitura de refinado gosto.
A coletânea está recheada de excelentes entrevistas com nomes de peso em varias áreas da cultura contemporânea, com destaque para aquelas realizadas com Elizabeth Bishop e Milan Kundera (A Insustentável Leveza do Ser), além do próprio Nabokov. Trata-se de uma leitura de refinado gosto.